O Manifesto das Pessoas Solteiras

Mary Edwards(Mary Frampton / Los Angeles Times)

O poderoso manifesto feminista de Marie Edwards*, de 1974.

PREÂMBULO: Enquanto a palavra escrita e falada sobre pessoas solteiras tem sido e continua sendo de tristeza e desgraça, inverdades e desinformação, nós, pessoas solteiras dos Estados Unidos – divorciadas, separadas, viúvas e nunca casadas – para enterrar os mitos, estabelecer as verdades, elevar nossos espíritos, promover nossa liberdade, conhecer a nossa grande sorte como pessoas solteiras, decretar e estabelecer este manifesto para as pessoas solteiras dos Estados Unidos da América.

ARTIGO I Atitude em relação a mim mesma:

1. Como solteira, apreciar-me-ei como uma pessoa única com uma combinação especial de características e talentos que mais ninguém tem.

2. Desenvolverei e manterei um auto-respeito saudável e um alto senso de auto-estima, sabendo que não posso respeitar e gostar des outres até que eu primeiro me aprecie.

3. Eu sempre assumirei responsabilidade pelas minhas próprias ações, sabendo que a responsabilidade começa dentro do meu próprio eu.

4. Esforçar-me-ei por pôr todos os meus talentos a trabalhar para que possa eliminar qualquer sentimento residual, socialmente induzido de inferioridade, sabendo que quando me dou a outres, a minha auto-estima aumenta em conformidade.

5. Terei objetivos, sabendo que sentirei uma sensação de euforia e auto-estima elevada quando o objetivo for alcançado.

6. Dar-me-ei recompensas quando tiver cumprido uma meta ou tarefa difícil, sabendo que quanto mais praticar o espírito de me dar, mais serei capaz de dar a outres – e recompensas, como a caridade, começam em casa.

7. Olharei para a solidão de uma forma totalmente nova, sabendo que existe uma grande diferença entre solidão e estar só, percebendo ainda mais que a solidão é parte da condição humana e que enfrentá-la quando acontece me permite apreciar o lado positivo de estar só.

8. Saberei, nos meus sentimentos mais profundos, que não há problema em estar solteire e, tornando-me mais corajose, saberei que é mais do que ok – pode ser uma grande e inexplorada oportunidade de crescimento pessoal contínuo.

ARTIGO II Atitude para com as outras pessoas:

1. Pararei de procurar a pessoa “única e exclusiva”, sabendo que à medida que me tornar mais livre para ser eu mesme, serei mais livre para me preocupar com outres, para que as relações venham a mim como uma consequência natural e me sinta livre para aceitá-las ou rejeitá-las.

2. Em vez de procurar a pessoa “única e exclusiva”, vou perceber a tremenda importância das amizades e vou desenvolver amizades que valham a pena, tanto do mesmo género como de outros. Perceberei que as amizades platónicas não são apenas possíveis, mas uma parte necessária de uma vida solteira bem sucedida.

3. Vou fazer um inventário das pessoas minhas “amigas” atuais, ignorando aquelas que são negativas e prejudiciais e cultivando aquelas que são úteis e nutritivas.

4. Quando frequentar um encontro de pessoas solteiras, considerarei as pessoas solteiras que lá encontrar como potenciais amigas, e não como “perdedoras”, sabendo que minha atitude colorirá minha percepção, mesmo antes de entrar pela porta.

ARTIGO III Atitude para com a sociedade:

1. Apreciarei que todas as quatro categorias de pessoas solteiras – divorciadas, separadas, viúvas e nunca casadas – sofrem discriminações semelhantes e que somos muito mais parecidas do que diferentes, não importa a nossa idade e identidade de género.

2. Eu apreciarei que a chamada batalha dos sexos é um mito social, que homens e mulheres são muito mais parecidos do que diferentes na sua reação ao medo, rejeição, solidão, tristeza, alegria, carinho, partilha e amor, e que, como pessoas solteiras, temos uma oportunidade única de fomentar a compreensão e empatia entre pessoas.

3. Não mais sofrerei em silêncio as injustiças que me são infligidas como pessoa solteira, mas farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar a erradicá-las.

4. Eu, ao escolher viver uma vida livre e solteira, estarei a ajudar a elevar o estatuto de solteira. Ao fazer isso, estarei a fortalecer em vez de enfraquecer o casamento, pois quando realmente tivermos a opção de não casar, o casamento será visto como uma escolha livre em vez de uma exigência de uma sociedade em união de facto.

5. Finalmente, farei minha parte de todas as maneiras para promover a boa vontade entre pessoas casadas e solteiras, porque os mal-entendidos só diminuirão quando cada um de nós, como ser humano único, perceber que ser consciente de si mesmo, autónomo, livre, auto-realizado e inteiro não tem nada a ver com ser casado ou solteiro, mas, em última análise, provém de sermos nós mesmos.

– extraído de Burn It Down: Feminist Manifestos for the Recolution, ed. Breanne Fahs.

*Marie Edwards (1920-2009) foi uma psicóloga que foi pioneira no conceito de “orgulho solteiro” nos anos 70, através da escrita e de workshops. O desafio de ser solteira, escrito em 1974 e que inclui o “Manifesto dos Solteiros”, é a sua obra mais conhecida.

**traduzido e adaptado por Carmo G. Pereira

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